20/09/15

Até que o tempo passe

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Não sei se porque é o tempo
Ou se é porque o tempo deixou de ser.
Corre um tempo em que nem sei se ainda sou.

Há tempo de gritar,

Há tempo de calar.

Há tempo de não olhar sequer o tempo,
Deixar que o tempo passe.




 * Preciso de uma pausa. Quisera que fosse apenas até amanhã. Talvez seja até ao mês que vem... Que o tempo passe depressa.

Um abraço sempre amigo, com o desejo de que, enquanto andarem por aqui, sintam, de alguma forma, a luz do sol a aquecer-lhes a pele e, quem sabe, até consigam ouvir o doce marulhar do mar que tem o dom de apaziguar a alma.

19/09/15

A irrealidade da verdade

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De repente não há o certo
nem se conhece o errado.
Nada faz sentido,
é ser o que não se foi
sem ser o que se quer ser.
É ir porque já lá está
o que não era para estar, mas aconteceu.
A vida julgou que se abria
e no rodopio da dança, em pleno êxtase, pereceu.
O anjo despiu as asas,
por entre o breu caminhou errante e
travou com o torpe
quando o perjúrio das profundezas ordenou
e se fez verdade.
O sol ignorou a luz e se fez nublado.
E até o mar bradou-lhe e
eriçou-se em labaredas contra o cepticismo.
O demónio quedou-se em pranto
nauseado pelo vento fétido da incongruência,
mas a estupidez era já irrevogável.

 

10/09/15

É urgente a alegria



Por estes lados, apesar do regresso de alguns à labuta do dia-a-dia, o nosso espírito ainda saboreia da leveza das férias, aproveitando as últimas réstias do sol de verão e a companhia do nosso apaixonado mar, esse, que deu de se espreguiçar numa languidez de dar gosto oferecendo-se aos últimos mergulhos. Por tudo isso, não falarei de tristezas.
Admirem-se, mas não tenho coragem. Seria como estragar um fim de tarde de Agosto, daqueles em que o sol lambe o mar, a estender-se até à areia morna e eu fosse varrê-lo com uma rajada de vento das que vêm do frio norte. Não. Por agora, ainda que os problemas proliferem em equações impossíveis e que o desespero esteja a caminho de nos bater à porta, ignoremos tudo. Vivamos em ritmo de férias.

 
Desfrutemos da magia do momento, como se não houvesse amanhã, tal e qual como quando vivemos aquele primeiro amor, lá distante, na adolescência, quando tudo era bom e o estado de graça era possível e a felicidade era eterna e, ouvíamos um anjo bom sussurrar-nos ao ouvido:
 "Só hoje" .
Vivamos, então, o dia de hoje, assim dessa mesma maneira, com essa mesma intensidade.
Não pensemos, ainda, na lista de obrigações que nos aguarda amanhã, não nos percamos em contas de cabeça. Desfrutemos apenas deste mar que nos apela à doce indolência que os deuses nos oferecem.


É urgente a alegria.
É urgente o riso fútil,
A gargalhada sem compromisso.
É urgente a ida sem destino,
O turbilhão de conversas inúteis.
É urgente adjectivar sem sentido,
Usar de banalidades,
Sobrepor a voz ao ruído.
É urgente olvidar,
Antes que venha o néscio lembrar-nos
Que a vida corre lá fora.